BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro admitiu nesta segunda-feira que não acredita mais que o projeto que cria o voto impresso nas próximas eleições será aprovado na Câmara de Deputados. A declaração foi feita a apoiadores diante do Palácio Alvorada.
Eu não acredito mais que passe na Câmara o voto impresso, tá? A gente faz o possível. Vamos ver como é que fica aí —disse o presidente, em vídeo gravado por um canal simpático ao governo.
Mais cedo, Bolsonaro, também em conversas com apoiadores, afirmou que "eleições não auditáveis" são uma "fraude". O presidente disse ainda que, sem o voto impresso, não garante que irá disputar a reeleição:
Eu entrego a faixa para qualquer um, se eu disputar a eleição, né? Se eu disputar, eu entrego a faixa para qualquer um. Uma eleição limpa. Agora, participar de uma eleição com essa urna eletrônica.
Para pressionar a adoção do voto impresso, Bolsonaro fez ameaças às instituições e condicionou a realização das eleições de 2022 à criação da medida. Na última semana, deputados do Centrão e da oposição tentaram derrotar o governo na comissão especial que trata do tema. O projeto que altera a forma de apuração dos votos seria rejeitado por ampla maioria, mas uma manobra dos governistas adiou a votação do relatório do deputado Filipe Barros (PSL-SP) para depois do recesso.
Bolsonaro, sem provas, acusa o sistema de urna eletrônica de fraude. O presidente repete ainda que teria vencido no primeiro turno em 2018, mas jamais apresentou qualquer indício.
Recentemente, o presidente também passou a atacar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, quem chamou de "imbecil" e "idiota".
Nesta segunda, Bolsonaro disse que não ofendeu o ministro e que apenas mostrou a "realidade". O presidente criticou reuniões feitas por Barroso com deputados e atribuiu a isso o fato de partidos trocarem seus representantes na comissão especial que analisa o voto impresso, fazendo com que a maioria do colegiado fique contrário à proposta.
Aí o pessoal diz que eu estou ofendendo o ministro Barroso. Não estou ofendendo, estou mostrando a realidade. Eu não posso, de acordo com o artigo 85 (da Constituição), interferir no trabalho do Legislativo. Posso conversar com parlamentar, sem problema nenhum, eu não posso interferir, que é uma coisa mais grave pouquinho. O Barroso foi para dentro do Parlamento fazer reunião com parlamentares e, acabando a reunião, o que vários líderes partidários fizeram? Trocaram os deputados da comissão especial, deputados, para votar contra o parecer do Filipe Barros, o relator, para não ter o voto impresso.
Fonte: O globo.globo.com(globo.com)
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